Previsto na Lei Complementar 214/2025, o Split Payment está no centro das mudanças trazidas pela Reforma Tributária. Essa inovação no sistema fiscal brasileiro visa recolher automaticamente a CBS e o IBS, tributos que compõem o IVA dual, diretamente no momento da transação financeira. Para grandes empresas, o Split Payment representa não apenas um marco de modernização tributária, mas também um conjunto de desafios operacionais que exigem atenção estratégica.
O que é o Split Payment na Reforma Tributária e como funciona?
O Split Payment na Reforma Tributária, ou pagamento dividido, é um modelo em que os tributos são automaticamente separados no momento da transação financeira. O sistema destina diretamente ao Fisco o montante referente aos tributos , eliminando atrasos no recolhimento e reduzindo o risco de inadimplência. Ele utiliza tecnologia avançada, vinculando débitos fiscais às notas fiscais e às transações de pagamento, garantindo maior transparência e eficiência.
Modalidades de Split Payment na Reforma Tributária:
- Superinteligente: O sistema de pagamento realiza, de forma automatizada, uma consulta à Receita Federal para calcular e recolher a diferença entre o valor da operação e os créditos tributários disponíveis, ideal para transações entre empresas e fornecedores.
- Simplificado: Voltado para operações de varejo, como em supermercados, e para contribuintes como pessoas físicas, MEIs e empresas do Simples Nacional. Nesta modalidade, é aplicado um percentual fixo de IBS/CBS, conforme alíquota previamente estabelecida pela Receita Federal.
- Split Inteligente: O tributo é separado e recolhido automaticamente para a RFB e o CG-IBS com base nos valores brutos informados no documento fiscal eletrônico. Em até 3 dias úteis, esses órgãos analisam os créditos tributários do fornecedor e repassam a ele qualquer diferença devida.
Impactos e desafios para grandes empresas
Embora o Split Payment na Reforma Tributária traga vantagens como redução de evasão fiscal e modernização tributária, ele também apresenta desafios:
- Adaptação de sistemas: Novas integrações com plataformas fiscais exige investimentos em tecnologia.
- Gestão de créditos tributários: Rastreamento preciso é necessário para evitar impactos no fluxo de caixa.
- Treinamento de equipes: Capacitação de profissionais de TI e gestão tributária é essencial.
- Compliance rigoroso: O modelo exige conformidade e acompanhamento próximo das regulamentações.
Compras a prazo, veja como funciona:
Pontos Críticos
No caso de compras a prazo, em que o pagamento ao fornecedor é postergado, surgem questões importantes relacionadas ao direito de crédito tributário e ao fluxo de caixa. Vejamos um exemplo para entender melhor:
Exemplo prático
A empresa Fornecedor (F) vende um lote de produtos à empresa Adquirente (A) por R$ 10.000,00, a ser pago em três meses. O IVA incidente (IBS + CBS) é de 28%, gerando um valor de tributo de R$ 2.800,00.
- No momento da emissão da nota fiscal, o débito fiscal de R$ 2.800,00 é gerado para a empresa F, mas a empresa A ainda não realizou o pagamento.
- O direito ao crédito de R$ 2.800,00 para a empresa A depende de dois fatores:
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- Fornecedor possui saldo de crédito suficiente: O débito fiscal é compensado automaticamente, e a empresa A pode utilizar o crédito de R$ 2.800,00 imediatamente.
- Fornecedor não possui saldo suficiente: O débito fiscal permanece aberto, e a empresa A só poderá acessar o crédito quando o fornecedor quitar o tributo devido.
Solução alternativa:
Para garantir o crédito de R$ 2.800,00 imediatamente, a empresa A pode optar por recolher o tributo diretamente, utilizando uma guia avulsa. Esse recolhimento assegura o crédito, mesmo que o pagamento ao fornecedor ainda esteja pendente.
Compras parceladas: como o crédito é liberado
Nas compras parceladas, a complexidade aumenta devido à necessidade de dividir o valor total da transação e do IVA proporcionalmente entre as parcelas. Vamos explorar esse cenário com base no mesmo exemplo:
Exemplo prático
A empresa A decide parcelar os R$ 10.000,00 em quatro vezes de R$ 2.500,00. O IVA total de R$ 2.800,00 também é dividido em quatro parcelas de R$ 700,00.
- A cada parcela paga (R$ 2.500,00 + R$ 700,00 de tributo), a empresa A ganha direito ao crédito de R$ 700,00 para o respectivo mês.
- Caso a empresa A opte por recolher o IVA integralmente no momento da emissão da nota fiscal (R$ 2.800,00), ela poderá acessar o crédito total imediatamente.
Riscos e cuidados
Se o fornecedor não quitar o saldo devedor do IVA no prazo estabelecido, o adquirente pode enfrentar atrasos no acesso ao crédito tributário, mesmo que tenha cumprido com o pagamento das parcelas.
Benefícios e oportunidades do Split Payment na Reforma Tributária
Apesar dos desafios, o Split Payment na reforma tributária oferece vantagens:
- Redução de Custos Operacionais: Automação elimina processos manuais e minimiza erros.
- Segurança Jurídica: Redução de atrasos no recolhimento diminui riscos fiscais.
- Modernização Tributária: O sistema combate a evasão fiscal e fortalece a concorrência leal.
A integração do Split Payment na Reforma Tributária com a moeda digital Drex
A integração do Split Payment com a moeda digital Drex, baseada em blockchain, promete aumentar a eficiência e a rastreabilidade do sistema tributário, garantindo um ambiente mais transparente e auditável.
Além da tecnologia
Embora o Brasil já disponha de uma base tecnológica robusta para implementar o Split Payment na Reforma Tributária, a transição exige muito mais do que infraestrutura. Há questões tributárias, jurídicas, comerciais, processuais e de reconciliação financeira que precisam ser endereçadas com cautela. A capacitação das equipes e o alinhamento com as novas regras também são fatores críticos para o sucesso da adaptação.
O setor fiscal da sua empresa está enfrentando dificuldades com a reforma tributária?