Já faz algum tempo que a moeda digital é parte do cotidiano do mercado financeiro. Entenda melhor sobre esta tendência e como o Real Digital irá atuar. [Atualizado 21/08/2023]
Não é preciso ser um especialista em economia para perceber que o mercado financeiro tem passado por muitas evoluções nos últimos anos.
É cada vez mais notável que, assim como as várias mídias migraram para o meio eletrônico, os ativos financeiros também seguiram este caminho, e o real digital é prova disso.
As pessoas envolvidas com o desenvolvimento de software precisam ficar atentas às últimas novidades tecnológicas, pois as mudanças estão acontecendo em uma velocidade cada vez mais rápida e, ao menor descuido, um profissional pode tornar-se desatualizado, perdendo espaço no mercado tão concorrido das fintechs.
O desenvolvedor, ao acompanhar as últimas notícias das finanças e da economia, estará apto a atender todas as necessidades dos usuários, desenvolvendo soluções de acordo com a legislação vigente.
Portanto, veja neste artigo como o real digital vai fazer parte da vida de muitas empresas e como, futuramente, ele poderá impactar diretamente na forma como um programa é desenvolvido.
A evolução dos meios de pagamento
Quando falamos da evolução humana, é impossível realizar esta narrativa sem mencionar a evolução do comércio e dos seus meios de pagamentos.
Partimos das primeiras trocas comerciais, os “escambos” em um passado bem remoto, e passamos pela cunhagem de moedas em metal como o bronze e o ouro, que começaram a registrar os valores dos bens de consumo e dos serviços.
Bem mais tarde, com a invenção da prensa de Johannes Gutenberg, surgiram as cédulas de dinheiro e cada país implantou a sua, com as suas próprias normas e formatos. Vivemos hoje mais um passo desta evolução, onde o dinheiro deixou de ser um ativo tangível e migrou também para os meios eletrônicos.
As criptomoedas descentralizaram o valor monetário da moeda, e atualmente representam mais uma forma de registrar transações financeiras, de forma 100% digital.
As criptomoedas são, em outras palavras, um dinheiro eletrônico que não sofre interferência de órgãos financeiros ou do estado, no qual os próprios usuários cuidam e fazem suas transações eletrônicas.
Existem várias tecnologias desenvolvidas para proteger e validar as criptomoedas, tornando-as assim um investimento cada vez mais usado por estabelecimentos e usuários da web.
Desde 2008, o mercado de criptomoedas vem se aquecendo e se transformando. As próprias Fintechs (Bancos Digitais) estão aí para provar esta transformação.
Com um começo tímido, os bancos digitais hoje representam uma grande fatia do mercado financeiro, incentivando as grandes instituições, como o próprio Branco do Brasil, a se modernizarem e facilitarem o acesso à praticidade oferecidas por bancos como Nubank e outros.
O próprio surgimento do PIX, mais recentemente, mudou as nossas interações e a maneira como pagamos as nossas contas.
O que é o Real Digital?
O real digital representa uma nova busca por um maior controle das transações digitais nos meios eletrônicos de pagamento brasileiro, e trata-se da digitalização da moeda do nosso país.
O CBDC (Central Bank Digital Currency) tem levantado esta bandeira para os bancos centrais de vários países ao redor do mundo, apontando as inúmeras vantagens em oficializar uma moeda digital para o estado.
Trocando em miúdos, o real online, ou real digital, poderá passar a ser a moeda eletrônica oficial brasileira.
Ethereum: inspiração para o Real Digital
A infraestrutura do Real Digital foi inspirada na tecnologia Ethereum e suportará múltiplos tokens, incluindo o token do Real Digital e o Real tokenizado.
O que é Ethereum?
Ethereum é uma plataforma de blockchain aberta que permite a criação de contratos inteligentes. Esses contratos são programas de computador que facilitam, verificam ou aplicam a negociação ou execução de um acordo.
Ethereum é a tecnologia mais utilizada em Stablecoins. e é conhecida por seu ecossistema de contratos inteligentes; pretende se tornar o primeiro algoritmo turing-completo descentralizado do mundo, ou seja, um computador universal.
A plataforma Ethereum inspirou-se no Bitcoin e atraiu muitos pesquisadores interessados em inovação. A rede do Real Digital será compatível com a Ethereum Virtual Machine (EVM), o que significa que protocolos desenvolvidos para funcionar na Ethereum poderão trazer inspiração para a rede do Real Digital com poucas adaptações.
Em palavras mais simplificadas, a Ethereum é uma moeda programável, e sendo programável, é possível criar regras e políticas que são configuradas e programadas em dinheiro.
Isso abre espaço para a incorporação de praticamente tudo o que está sendo desenvolvido na rede Ethereum, incluindo soluções de privacidade e finanças descentralizadas (DeFi).
Como o real digital está sendo desenvolvido?
Desde 2020, o Brasil vem se preparando para este grande avanço, e um dos grandes marcos para isso foi a portaria nº 108.092/20, que formalizou o início dos estudos para criação do real online.
Estão envolvidos no estudo integrantes de todas as áreas do banco central, desde a procuradoria, departamento de cidadania financeira, estudos e pesquisas e, é claro, o setor de Tecnologia da Informação.
Avanços nessa área já ocorreram, e em maio de 2021 foram publicadas as principais diretrizes para a implantação do real digital. Também aconteceram vários webinars para a disseminação e troca de ideias sobre o assunto.
O presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto, espera que o real digital seja lançado em 2024, em fase de testes.
LIFT Challenge Real Digital
Para progredir no projeto do Real Digital, o Banco Central lançou em 30 de novembro de 2021 uma edição especial do Laboratório de Inovações Financeiras e Tecnológicas de Desafio do Real Digital, conhecido como LIFT Challenge Real Digital. O objetivo é avaliar os possíveis usos e a viabilidade tecnológica do Real Digital.
O LIFT Challenge Real Digital será conduzido em colaboração com a Federação Nacional de Associações dos Servidores do Banco Central, a Fenasbac. O objetivo é reunir um grupo de participantes do mercado qualificados interessados em desenvolver um produto minimamente viável (MVP) baseado no Real Digital.
Os projetos selecionados para o desafio se concentrarão principalmente nas seguintes categorias de casos de uso online:
- Entrega contra Pagamento (DvP), focado na liquidação de transações com ativos digitais, sejam eles nativos do ambiente digital ou tokenizados;
- Pagamento contra Pagamento (PvP), voltado para a troca de moedas;
- Internet das Coisas (IoT), voltado para a liquidação algorítmica ou direta entre máquinas;
- Finanças descentralizadas (DeFi), voltado para a definição de protocolos com liquidação baseada em uma CBDC, considerando os requisitos de conformidade e supervisão estabelecidos em norma.
Com base nos resultados do desafio, o Banco Central planeja avançar para uma fase de testes piloto, que deve começar no segundo semestre de 2023 e continuar ao longo de 2024.
Continue lendo o artigo para ter informações mais aprofundadas sobre o Real Digital.
Real digital é igual criptomoedas?
Mais pessoas do que você imagina se perguntam: O Real digital é a mesma coisa que criptomoedas?
Resposta mais curta:
Apesar de ambas serem moedas digitais, elas se diferem, principalmente, pelo real digital ser implantado e regulamentado pelo banco central. Desse modo, o estado tem intervenção direta sobre a oferta e as normatizações da nova moeda, o que não acontece, por exemplo, com o Bitcoin e demais criptomoedas.
Agora vamos à resposta mais longa:
Em sua teoria, não.
O Real Digital e as criptomoedas são conceitos distintos, embora compartilhem algumas semelhanças. Ambos são moedas digitais e utilizam a tecnologia para facilitar transações financeiras.
No entanto, existem diferenças fundamentais entre eles:
Emissão e controle
O Real Digital será emitido e controlado pelo Banco Central do Brasil, o que garante sua estabilidade e confiabilidade. As criptomoedas, por outro lado, são descentralizadas e não são controladas por uma autoridade central.
Lastro
O Real Digital será lastreado pelo próprio real (a moeda nacional brasileira) e terá sua taxa de câmbio fixada em relação a ele. Criptomoedas como o Bitcoin, por exemplo, não possuem lastro e seu valor é determinado por oferta e demanda no mercado.
Anonimato
O Real Digital terá como objetivo garantir a privacidade dos usuários, porém, seguirá as regras e regulamentações do Banco Central e, portanto, não será completamente anônimo. Criptomoedas, em geral, oferecem maior anonimato, já que as transações são descentralizadas e não requerem a identificação dos envolvidos.
Legalidade
O Real Digital será uma moeda oficialmente reconhecida e regulamentada pelo governo brasileiro, enquanto as criptomoedas não são consideradas moedas oficiais em muitos países e enfrentam diversos desafios regulatórios.
O Banco central explica de maneira mais clara, sobre esta a diferença. Em sua central de perguntas e respostas, afirma que criptoativos, como o bitcoin e o ethereum, possuem alta volatilidade, o que dificulta seu uso como forma de pagamento.
As stablecoins, outro tipo de criptoativo, tentam resolver essa questão vinculando seu valor a um ativo externo ao ambiente cripto, geralmente uma moeda soberana. No entanto, os detentores desses ativos ainda enfrentam riscos operacionais, jurídicos e de mercado associados a esses sistemas.
Visto isso, o Real Digital chega como uma representação da moeda soberana do Brasil. Ele está sendo desenvolvido para proporcionar um ambiente seguro para inovação por parte dos empreendedores e para que os consumidores possam aproveitar os benefícios tecnológicos dessas novas ferramentas, sem a necessidade de se exporem a um ambiente financeiro não regulamentado.
Inicialmente, o projeto do Real Digital será focado na digitalização de ativos de mercado, facilitando a sua transferência entre pessoas e instituições bancárias. Nas próximas etapas do projeto, serão trabalhados mecanismos de moedas e valores.
O projeto-piloto tem o objetivo de promover essas operações entre instituições a fim de entender o comportamento, a privacidade e a legitimidade desta tecnologia, que posteriormente tem o objetivo de abraçar a moeda brasileira.
Atualmente, além da moeda em espécie vigente, nós já temos valores financeiros digitais, que é o número financeiro que você tem na sua conta bancária.
Por isso, é importante termos consciência de que não será tão logo que o brasileiro terá em sua conta bancária um depósito de criptoativos para comprar bens e serviços. Esse é um projeto extenso, que engloba em um primeiro momento as operações financeiras internas, ou chamadas de “atacado”.
Em resumo, o Real Digital é uma moeda digital que busca trazer inovação e facilidade ao sistema financeiro nacional, ao passo que as criptomoedas representam uma alternativa descentralizada e, em muitos casos, anônima às moedas tradicionais.
De qualquer maneira, o cenário brasileiro acabou por popularidade entregando um apelido carinhoso de “criptomoeda brasileira“ ao real digital.
O avanço dos meios de pagamento digitais
As novas tecnologias – como blockchain, por exemplo – abriu um grande leque de opções para os meios de pagamento digitais.
Eles representam muito mais facilidade para as pessoas pagarem suas contas e outras transações rotineiras. Dentre as principais formas de pagamentos que modernizaram o mercado financeiro, temos:
PIX
Transferência instantânea de valores que possui a proposta de modernizar os antigos TED e DOC, trazendo grandes vantagens como pagamentos instantâneos, mesmo nos finais de semana, e a possibilidade do cadastro de várias chaves de identificação e que já coloca o banco central no controle das transações.
PIX parcelado
Esta será uma nova modalidade do Pix, mas não são todos os bancos que já aderiram à modalidade e nem todos possuem previsão de implementação. Por meio do Pix parcelado, o vendedor receberá o pagamento integral, enquanto o cliente deverá efetuar o pagamento do valor total por meio do números de parcelas desejadas e disponíveis, diretamente pelo aplicativo do banco.
Boleto com QRCode Pix
Esta nova forma de pagamento une as continências do boleto tradicional e a modernidade em QRCode do PIX. Alguns chamam de boleto híbrido, boleto com Pix, BolePix, BoleCode, e logo nos deparamos com mais algum nome diferente para este tipo de boleto.
Real Digital
Moeda eletrônica que promete modernizar o mercado financeiro a partir de 2024.
Por que o desenvolvedor deve saber sobre o Real Digital?
O real digital vai significar uma inclusão de milhares de brasileiros que hoje não utilizam moedas digitais em suas transações financeiras, pois é um ativo gerenciado e normatizado pelo Banco Central.
Sendo assim, torna-se fundamental entender todas as suas regras para no futuro estar atento às movimentações do banco central, pois uma nova modalidade de moeda pode criar novos meios de pagamento e isso impacta diretamente o universo que nós temos atualmente.
Você, como desenvolvedor, qual é a sua opinião sobre o real digital? Será que esta nova tecnologia futuramente poderá impactar o boleto, o pix, ou o cartão? Deixe seu comentário ao final do artigo.
Voto 31/2023
Vamos aqui resumir e explicar de maneira breve o que consta no Voto 31/2023. Você pode também conferir o documento oficial.
O Voto 31/2023 é um documento oficial do Banco Central do Brasil (BCB), que apresenta o voto do diretor do BCB, João Manoel Pinho de Mello, publicado em 14 de fevereiro de 2023, acerca do projeto-piloto do Real Digital.
O documento apresenta uma breve introdução sobre o projeto-piloto e a importância de se criar uma moeda digital segura, eficiente e que possa oferecer benefícios para a sociedade brasileira. Em seguida, o diretor do BCB apresenta as diretrizes que irão nortear o projeto-piloto do Real Digital.
A primeira diretriz é que os ativos tokenizados seguirão seus respectivos regimes normativos, a fim de não gerar assimetria entre as formas desses ativos atual e tokenizada. Isso significa que os ativos digitais serão regulados da mesma forma que os ativos tradicionais, garantindo segurança jurídica e evitando possíveis abusos ou fraudes.
A segunda diretriz é a ênfase na concepção de um DLT que possibilite o registro de ativos de diversas naturezas e a incorporação de tecnologias com contratos inteligentes e dinheiro programável. Isso significa que a moeda digital brasileira será capaz de incorporar diferentes tipos de ativos, como títulos de dívida, ações e commodities, e também poderá utilizar tecnologias avançadas, como contratos inteligentes e dinheiro programável.
Outra diretriz importante do projeto-piloto é a aderência à normatização em relação ao sigilo, proteção de dados e prevenção à lavagem de dinheiro. Isso é essencial para garantir a segurança das transações e evitar o uso indevido da plataforma para atividades ilegais.
O documento também apresenta os requisitos básicos para os testes do projeto-piloto, que serão realizados em ambiente simulado e não envolverão transações ou valores reais. Os testes serão realizados com a participação de instituições financeiras e de pagamento autorizadas pelo BCB, bem como da Secretaria do Tesouro Nacional (STN).
O diretor do BCB ressalta que o projeto-piloto é apenas o primeiro passo para a implementação do Real Digital, e que a criação da moeda digital brasileira dependerá da avaliação dos resultados dos testes e da definição de um modelo de negócio viável e sustentável. Além disso, o BCB está comprometido em realizar uma ampla consulta pública antes de implementar a moeda digital brasileira, a fim de garantir a participação da sociedade brasileira no processo de tomada de decisão.
O projeto-piloto será realizado em ambiente simulado e contará com a participação de instituições financeiras e de pagamento autorizadas pelo BCB, bem como da Secretaria do Tesouro Nacional (STN). O BCB está comprometido em garantir que a moeda digital brasileira seja segura e eficiente.
Adicionalmente, o Real Digital poderá oferecer maior eficiência, agilidade e segurança nas transações financeiras, bem como reduzir custos operacionais e burocráticos. Além disso, a digitalização da moeda pode aumentar a inclusão financeira, permitindo que pessoas sem acesso aos sistemas financeiros tradicionais possam realizar transações.
Durante a condução do projeto-piloto, será criado um fórum para troca de informações e orientação adequada das expectativas em relação ao desenvolvimento da plataforma e dos testes propostos. Esse canal de comunicação do corpo técnico do Banco Central com as entidades representativas dos setores envolvidos permitirá ainda a discussão do estabelecimento de estratégias negociais e de desenvolvimento que sejam mais adequadas às necessidades da sociedade brasileira.
O Banco Central do Brasil também ressalta a importância da participação da Secretaria do Tesouro Nacional e da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) no projeto-piloto, visto que a plataforma permitirá a emissão de Títulos Públicos Federais e a liquidação de transações envolvendo esses títulos com Entrega conta Pagamento (Delivery versus Payment – DvP) no nível do cliente final.
O projeto-piloto do Real Digital é um importante passo na busca pela modernização e digitalização do sistema financeiro brasileiro. Com o avanço da tecnologia e a crescente demanda por soluções mais eficientes e seguras, é essencial que o Banco Central esteja na vanguarda do desenvolvimento de soluções inovadoras que atendam às necessidades da sociedade brasileira.
No entanto, é importante ressaltar que a implantação do Real Digital ainda requer estudos mais aprofundados e a realização de testes para avaliar sua eficácia e segurança. Além disso, o projeto-piloto é apenas o primeiro passo em direção à implementação da moeda digital no país, e muitos desafios ainda precisam ser superados antes que ela possa ser lançada oficialmente.
Em suma, o projeto-piloto do Real Digital representa um avanço importante na busca por soluções inovadoras e eficientes no sistema financeiro brasileiro.
Próximos passos do projeto-piloto do Real Digital
No dia 06 de março de 2023, o Banco Central do Brasil publicou uma nota, comentando sobre os próximos passos sobre o projeto-piloto do Real Digital. Acompanhe:
De acordo com o comunicado, a equipe iniciará o desenvolvimento de plataforma-teste para operações com o Real Digital, denominada “Piloto RD”, alinhada às diretrizes
determinadas no Voto 31/2023, de 14 de fevereiro de 2023.
Durante esta etapa experimental, o Banco Central examinará os proveitos da capacidade de programação proporcionada por uma plataforma de tecnologia de registro distribuído (DLT, na sigla em inglês, Distributed Ledger Tecnology) multiativo para o manuseio de ativos tokenizados, levando em conta as restrições legais referentes ao sigilo e à privacidade, segurança de dados e prevenção à lavagem de dinheiro.
Essa avaliação será conduzida em um ambiente simulado e não envolverá transações ou valores reais.
Apenas as instituições autorizadas terão acesso direto às contas e passivos digitais do Banco Central. O projeto-piloto do real digital, por sua vez, permitirá a participação de usuários finais através de depósitos tokenizados – representações digitais de depósitos mantidos por instituições financeiras (IFs) ou instituições de pagamento (IPs).
A iniciativa contará com a colaboração da Secretaria do Tesouro Nacional (STN) e contemplará a emissão de Títulos Públicos Federais, bem como a liquidação de transações envolvendo esses títulos através do método de Entrega contra Pagamento (Delivery versus Payment – DvP) no nível do cliente final.
Uma das diretrizes fundamentais do Real Digital é que os ativos tokenizados seguirão rigorosamente seus respectivos regimes normativos, a fim de evitar qualquer assimetria entre as formas atuais e as tokenizadas.
Outra diretriz crucial é a ênfase na concepção de uma plataforma de tecnologia de registro distribuído (DLT) que permita o registro de ativos de diferentes tipos, além de incorporar tecnologias com contratos inteligentes e dinheiro programável.
É importante destacar que a aderência total às regulamentações que envolvem o sigilo, proteção de dados e prevenção à lavagem de dinheiro é um dos principais objetivos do projeto-piloto.
Durante a realização do Piloto RD, será criado um fórum para facilitar a troca de informações e fornecer orientações adequadas sobre o desenvolvimento da plataforma e dos testes propostos.
Esse canal de comunicação permitirá que o corpo técnico do Banco Central se comunique com as entidades representativas dos setores envolvidos e discuta a elaboração de estratégias comerciais e de desenvolvimento que sejam mais adequadas às necessidades da sociedade brasileira.
Além das associações representativas das instituições autorizadas a funcionar pelo BCB, está prevista a participação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) no fórum para coordenar as discussões sobre a tokenização de ativos.
Entenda mais assistindo à Coletiva do Banco Central.
Requisitos fundamentais para teste do projeto-piloto RD
Veja abaixo a apresentação dos requisitos fundamentais para a realização dos testes do Piloto RD, de acordo com o comunicado do Banco Central:
DLT Multiativo
Ativos
Transações
Funcionalidades essenciais
O que é CEG?
Em outras palavras, ele é o Comitê de Governança do Projeto do Real Digital, um órgão responsável por direcionar e acompanhar a implementação do Real Digital, a nova moeda digital brasileira.
O CEG tem como objetivo assegurar que a implementação do Real Digital esteja alinhada com os objetivos estratégicos do Banco Central, promovendo a eficiência e a segurança do sistema financeiro nacional.
O comitê CEG é responsável por definir diretrizes para a condução do projeto, tomar decisões e monitorar o progresso e os riscos associados à implementação do Real Digital.
Composta por representantes do Banco Central, incluindo membros da Diretoria Colegiada e servidores indicados pela Diretoria, a coordenação do Comitê é responsabilidade do Diretor designado pelo Presidente do Banco Central.
Portanto, o CEG desempenha um papel crucial na governança do projeto do Real Digital, garantindo que a implementação da moeda digital seja bem-sucedida e alinhada com a missão e os objetivos estratégicos do Banco Central.
Competências e atribuições do CEG Real Digital
A Resolução traz no capítulo 3, as atribuições e competências do CEG, veja um resumo destas responsabilidades:
- O CEG é responsável por receber e avaliar as propostas de candidatura para participação no projeto-piloto do Real Digital, bem como elaborar e divulgar a lista de participantes selecionados para o projeto;
- Ele tem a responsabilidade de solicitar e receber informações dos candidatos ou dos participantes selecionados em qualquer momento, tanto nas etapas de seleção quanto no desenvolvimento do projeto-piloto;
- O CEG coordena e controla as equipes técnicas do Banco Central do Brasil e dos demais participantes durante o desenvolvimento, implementação e execução do projeto-piloto, e tem o poder de decidir pela exclusão de participantes que não atendam às condições estabelecidas no Regulamento do Piloto RD;
- O comitê pode receber recursos contra suas próprias decisões e, caso não as reconsidere, encaminhá-las para deliberação em segunda instância;
- O CEG tem a responsabilidade de comunicar à Diretoria Colegiada a lista dos participantes selecionados para o projeto e enviar relatórios semestrais com os resultados do desenvolvimento e da execução do projeto; decidir sobre questões técnicas e outros assuntos operacionais não previstos no Regulamento do Piloto RD;
Além disso, o CEG tem a responsabilidade de modificar o cronograma dos trabalhos do projeto-piloto e propor alterações no plano de trabalho, propor a atualização das diretrizes do projeto à Diretoria Colegiada e também pode apresentar uma proposta para a suspensão ou descontinuidade do projeto-piloto caso não o considere mais conveniente ou viável.
Essas responsabilidades mostram que o CEG desempenha um papel crucial na governança e supervisão do projeto-piloto do Real Digital, garantindo que o projeto seja conduzido de acordo com as diretrizes estabelecidas e que os participantes selecionados cumpram com suas responsabilidades.
Regulamento do projeto-piloto do Real Digital
O Banco Central do Brasil (BCB) continua avançando em sua trajetória de inovação digital e estabeleceu regras e procedimentos para o projeto-piloto Real Digital (Piloto RD).
Consistindo em um ambiente colaborativo, o projeto visa testar e desenvolver uma plataforma baseada na tecnologia de registro distribuído (DLT), que será usada para operações com o Real Digital.
Para discutir os princípios deste projeto, o BCB organizou o Workshop do Piloto RD em abril, que contou com a participação de entidades representativas do Sistema Financeiro Nacional (SFN) e do Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB), além de representantes de outras agências reguladoras e da imprensa.
O número de participantes no Piloto RD foi limitado a 10 instituições, selecionadas de acordo com critérios e procedimentos específicos do regulamento. Vale ressaltar que servidores de outros órgãos e entidades reguladoras do SFN puderam participar do projeto como observadores, a critério do CEG e mediante convite do coordenador.
De 2 a 12 de maio de 2023, o CEG recebeu propostas de entidades interessadas em participar do Piloto RD.
Puderam participar instituições autorizadas pelo BC capazes de testar transações de emissão, resgate ou transferência dos ativos financeiros, bem como de executar a simulação dos fluxos financeiros resultantes de eventos de negociação, quando aplicável ao ativo financeiro em teste.
A fim de garantir a transparência durante a condução do Piloto RD, o Banco Central afirmou em nota que será criado um fórum para troca de informações e para orientar as expectativas em relação ao desenvolvimento da plataforma e dos testes propostos.
Este canal de comunicação permitirá que o corpo técnico do BCB e as entidades representativas dos setores envolvidos discutam estratégias de negócios e desenvolvimento que melhor atendam às necessidades da sociedade brasileira.
Sem dúvida, esses são passos significativos na jornada do Brasil rumo à digitalização de sua moeda, um esforço que reflete a crescente importância das tecnologias digitais na economia global.
Workshop Piloto do Real Digital
O Banco Central do Brasil realizou recentemente um importante Workshop sobre o “Piloto do Real Digital”. Este evento, que aconteceu em 10 de abril, serviu como uma plataforma para apresentar e discutir as diretrizes atualizadas do Real Digital – a moeda digital do Banco Central do Brasil.
O evento foi realizado no Auditório Octavio Gouvêa de Bulhões, no Edifício-Sede do Banco Central, em Brasília, e contou com a presença de especialistas do Banco Central e da Secretaria do Tesouro Nacional.
Aqui você pode assistir também aos primeiros Webinários sobre o assunto, na Playlist Oficial do Banco Central sobre o Real Digital de 2022.
Durante o workshop, os participantes tiveram a oportunidade de aprender sobre as premissas do projeto-piloto do Real Digital, os modelos de negócios previstos para o “Piloto RD” e o Regulamento para a participação de entidades selecionadas.
O workshop foi organizado em várias sessões, cada uma abordando um aspecto específico do Real Digital. Entre os palestrantes estavam Rogério Lucca, Chefe do Departamento de Operações Bancárias e de Sistema de Pagamentos, Mardilson Queiroz, Consultor do Departamento de Regulação do Sistema Financeiro, e Fabio Araujo, Consultor do Departamento de Operações Bancárias e de Sistema de Pagamentos e Coordenador da Iniciativa do Real Digital.
O evento também ofereceu uma oportunidade para os participantes fazerem perguntas aos especialistas, tanto pessoalmente quanto por e-mail, permitindo uma discussão aprofundada sobre os tópicos apresentados.
Embora as inscrições para a participação presencial tenham se encerrado antes do evento, o workshop foi transmitido ao vivo pelo Canal do Banco Central no YouTube, permitindo que um público mais amplo se beneficiasse das discussões.
Este Workshop sobre o “Piloto do Real Digital” foi um marco significativo na jornada do Brasil para a implementação de uma moeda digital, proporcionando clareza e entendimento sobre a direção e os detalhes técnicos do projeto. Agora, estamos ansiosos pelos próximos passos do Banco Central nesta iniciativa inovadora!
Assista o Workshop na íntegra:
Cronograma Atual Projeto-Piloto Real Digital
Durante o Workshop sobre o “Piloto do Real Digital” transmitido em 10 de abril de 2023, o cronograma inicial foi apresentado na estrutura abaixo. Os testes estão previstos para acontecerem até fevereiro de 2024.
Cronograma Piloto RD 2023
Abril: Workshop Real Digital;
Maio: Divulgação das instituições participantes e incorporação aos testes;
Junho: Início dos testes;
Dezembro: Resultados dos testes Píloto RD – Real Tokenizado.
Chama-se de real tokenizado, os ativos financeiros, precificados em moeda Real Brasileiro, que serão transformados convertidos em tokens para transferência entre instituições financeiras.
Cronograma Piloto RD 2024
Fevereiro: possibilidade de compra e venda de Títulos do Tesouro Direto (TPF) no mercado primário e secundário;
Março: Avaliação das etapas de testes.
Os testes piloto com Títulos do Tesouro são uma primeira fase da tokenização de ativos que estão fora do atacado e acessíveis ao público. Ele foi escolhido por se tratar de um ativo interno, do próprio governo, que facilita os testes.
Quanto irá custar o Projeto Piloto RD?
O Banco Central ainda não determinou o custo total associado ao Real Digital e foi enfatizado que os investimentos em infraestrutura para os testes não serão tão avantajados. A previsão é que os custos do Real Digital sejam semelhantes aos do Pix.
Em um comparativo, em meados de 2022, o Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que o desenvolvimento do Pix teve um custo de US$ 4 milhões.
Lista de selecionados para participar do Projeto Piloto do Real Digital
No dia 24 de maio de 2023, o Banco Central anunciou em nota a lista de instituições selecionadas para participar do Projeto Piloto do Real Digital.
A iniciativa, que atraiu um total de 36 propostas de diferentes segmentos financeiros, incluindo inscrições individuais e consórcios de entidades, envolveu mais de 100 instituições na fase de seleção.
Nesta etapa do projeto piloto, serão avaliadas características de privacidade e programabilidade por meio da execução de um cenário específico – um protocolo de entrega versus pagamento (DvP) de um título público federal entre clientes de diferentes instituições, além dos serviços que fazem parte dessa transação.
Este cenário permite concentrar os testes na privacidade, pois facilita a troca de informações entre os diversos participantes da plataforma, e também verifica a programabilidade dos serviços oferecidos e sua interoperabilidade.
Seguindo os critérios definidos no Regulamento do projeto piloto do Real Digital, o Comitê Executivo de Gestão (CEG) selecionou 14 candidatos, listados abaixo em ordem de inscrição:
• Bradesco
• Nubank
• Banco Inter, Microsoft e 7Comm
• Santander, Santander Asset Management, F1RST e Toro CTVM
• Itaú Unibanco
• Basa, TecBan, Pinbank, Dinamo, Cresol, Banco Arbi, Ntokens, Clear Sale, Foxbit, CPqD, AWS e Parfin
• SFCoop: Ailos, Cresol, Sicoob, Sicredi e Unicred
• XP, Visa
• Banco BV
• Banco BTG
• Banco ABC, Hamsa, LoopiPay
• Banco B3, B3 e B3 Digitas
• ABBC: bancos Brasileiro de Crédito, Ribeirão Preto, Original, ABC, BS2 e Seguro; ABBC, BBChain, Microsoft e BIP
• Banco do Brasil
A lista inicial inclui representantes de instituições financeiras dos segmentos prudenciais S1 a S4, cooperativas, instituições de pagamento, desenvolvedores de serviços de criptoativos, bancos públicos, instituidores de arranjos de pagamento e operadores de infraestruturas de mercado financeiro.
Com base na seleção final, o BCB começará a integrar os participantes à plataforma do projeto piloto do Real Digital com previsão para junho de 2023.
Fabio Araújo, o coordenador da iniciativa do Banco Central, mencionou que os procedimentos de teste para o Real Digital serão semelhantes aos realizados para o Pix no ano de 2021. Ele também destacou que, enquanto o Pix é focado em serviços de pagamento, a plataforma do Real Digital será destinada a serviços financeiros em geral.
O Banco Central planeja se concentrar no desenvolvimento de três categorias de ativos:
- Real Digital Atacado: Os ativos do Real Digital Atacado são aqueles já mencionados anteriormente, utilizados para operações interbancárias. O análogo atual para isso são as reservas bancárias, movimentadas na retaguarda de operações financeiras entre instituições.
- Real Tokenizado Varejo: Estas serão versões tokenizadas de depósitos bancários, ativos como CDBs ou o saldo de contas de instituições de pagamento, que podem ser transferidas de uma conta para outra.
- Títulos Públicos Federais: Ativos exclusivos do governo federal comercializados no mercado financeiro.
A expectativa é que esses 3 tipos de ativos listados acima sejam apenas um primeiro passo rumo a uma economia tokenizada. No futuro, podemos ver outros papéis como cotas de fundos, escrituras e até mesmo documento de veículo sendo tokenizado.
A criação de pagamentos off-line não será prioridade no momento.
Formatos do Real
Real Físico
Correspondente aos registros de depósitos e saques:
Real Físico – moedas e cédulas (dinheiro), passivos do BACEN.
Real em meio eletrônico
Aqui diz respeito ao registro de saldos.
Real eletrônico – Usado como reserva por instituições autorizadas, sendo um passivo do Banco Central;
Real escritural – Emitido por um banco e usado por seus clientes, sendo um passivo do emissor.
Real em meio Digital
Aqui constam os registros da propriedade de tokens (potencialmente descentralizados)
Real digital – Destinado a ser utilizado como reserva por instituições autorizadas, sendo um passivo do Banco Central;
Real tokenizado – Emitido por um banco para uso de seus clientes, sendo um passivo do emissor.
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Drex: nome oficial do Real Digital
Em 07 de agosto de 2023, o Banco Central do Brasil anunciou uma inovação significativa: o Real Digital, a versão digital da moeda brasileira, passaria a ser denominado “Drex”.
Esta mudança representa a resposta proativa do Brasil à crescente tendência global de digitalização financeira.
O Drex, operando em uma plataforma de registro distribuído, promete oferecer transações mais eficientes, seguras e transparentes.
Diferentemente das criptomoedas convencionais, o Drex é respaldado e regulamentado pelo Banco Central, assegurando sua estabilidade e confiabilidade.
A introdução do Drex não só posiciona o Brasil na vanguarda das inovações financeiras globais, mas também sinaliza um passo em direção a uma maior inclusão financeira, facilitando o acesso de um público mais extenso a serviços financeiros digitais sofisticados.
Características da marca Drex Real Digital
A denominação “Drex” foi meticulosamente concebida para encapsular a vanguarda e o caráter inovador do projeto.
As iniciais “d” e “r” remetem à ideia do Real em sua forma Digital, enquanto o “e” destaca seu aspecto eletrônico. O “x”, por sua vez, evoca a contemporaneidade e a interconexão.
Visualmente, o design da marca é enriquecido por duas setas incorporadas ao “d”, que simbolizam a metamorfose do Real tradicional para sua nova versão digital.
A paleta de cores, que transita do azul a um verde mais claro, é uma representação gráfica de uma “operação bem-sucedida”.
E a Plataforma Drex?
A Plataforma Drex está caracterizada como um sistema de registro distribuído, frequentemente referido pela sigla em inglês DLT (Distributed Ledger Technology).
Com base nas informações disponíveis até o momento, essa plataforma permitirá que entidades financeiras regulamentadas transformem saldos de depósitos convencionais e moedas eletrônicas em Drex.
Isso proporcionará aos seus usuários o benefício de explorar uma variedade de serviços financeiros avançados.
O Drex voltado para o varejo visará oferecer à população a capacidade de conduzir diversas transações financeiras confiáveis com ativos digitais e contratos automatizados.
Qual é o objetivo do Drex?
A expectativa é que, com o uso do Drex, além de ser uma inovação para os meios de pagamento na história do Brasil, é trazer maior variedade de serviços financeiros oferecidos para a população, ao custo mais barato, conversando em um breve futuro com o conceito open finance, ampliando as possibilidades de facilidades em serviços financeiros digitais.
Qual a diferença entre o Drex e o Pix?
O Drex e o Pix são duas iniciativas do Banco Central do Brasil, mas possuem propósitos e características distintas, acompanhe a seguir e, se ainda ficar dúvidas, pode nos contatar nos comentários ao final do artigo.
Natureza e Função:
Drex: É a versão digital da moeda brasileira, o Real. Ele representa uma moeda digital do Banco Central (CBDC, na sigla em inglês) e tem como objetivo principal modernizar o sistema monetário, permitindo transações com ativos digitais e contratos inteligentes em um ambiente seguro e regulamentado.
Pix: É um sistema de pagamentos instantâneos. Ele permite transferências e pagamentos em tempo real, 24 horas por dia, 7 dias por semana, sem a necessidade de intermediários. O Pix não é uma nova moeda, mas sim uma forma rápida e eficiente de movimentar o Real.
Tecnologia:
Drex: Funciona em uma plataforma de registro distribuído, conhecida como Distributed Ledger Technology (DLT).
Pix: Baseia-se em uma infraestrutura centralizada de processamento, mas com operações quase imediatas.
Regulamentação e Emissão:
Drex: Será emitido e regulamentado pelo Banco Central, funcionando como uma extensão digital da moeda física.
Pix: Não envolve a emissão de uma nova moeda. É apenas um meio de transferir e pagar usando o Real existente.
Usabilidade:
Drex: Visa facilitar transações com ativos digitais e contratos inteligentes, além de outras aplicações financeiras avançadas para otimizar e fornecer mais serviços financeiros aos brasileiros.
Pix: Focado em transferências e pagamentos rápidos, seja entre pessoas, entre pessoas e empresas ou entre empresas.
Em resumo, enquanto o Drex é uma representação digital da moeda brasileira, o Real, com potencial para revolucionar o sistema financeiro e monetário, o Pix é somente um sistema de pagamentos que já transformou a maneira como os brasileiros transferem dinheiro e fazem pagamentos no dia a dia.
Ambos são passos significativos na modernização financeira do Brasil, mas atendem a necessidades e objetivos diferentes.
Por que as pessoas estão confundindo o Drex com o Pix?
A confusão entre o Drex e o Pix pode ser atribuída a diversos fatores:
Adoção pelo Banco Central: As duas iniciativas são endossadas e regulamentadas pelo Banco Central do Brasil, o que pode levar algumas pessoas a presumir que têm objetivos ou funcionalidades semelhantes.
Novidade e Modernização: Ambos representam recentes esforços do BC para modernizar o sistema financeiro. Como são inovações introduzidas em um curto espaço de tempo, muitos podem não distinguir claramente suas funções e natureza, que, por ora, são distintas.
Natureza Digital: Tanto o Drex quanto o Pix operam no domínio digital do sistema financeiro. O Pix é um sistema de pagamentos instantâneos, enquanto o Drex é uma representação digital da moeda. Para muitos, ambos podem parecer simplesmente ferramentas digitais para transações.
Evolução Rápida: O setor financeiro tem testemunhado rápidas inovações nos últimos 5 anos. Com tantas mudanças acontecendo em um intervalo curto, pode ser desafiador para os brasileiros, em geral, receber as informações corretas, ter o tempo de compreender e ainda distinguir entre diferentes produtos e serviços.
Por este motivo, é importante acompanhar o Blog da TecnoSpeed, e enviar este artigo para todos que precisarem sanar maiores dúvidas sobre o Drex Real Digital!
Veja a Live oficial do Banco Central sobre o Drex
No dia 07 de agosto de 2023, os profissionais Gustavo Igreja, Aristides Cavalcante e Fábio Araujo realizaram uma live do Banco Central para debater e repassar informações importantes sobre o Drex e deixar todos os cidadãos informados sobre quais serão os impactos do real digital no nosso dia a dia, quais os benefícios, e o que realmente irá mudar para as pessoas com essa nova tecnologia.
Assista na íntegra:
Quais os principais desafios para implantar o Real Digital?
De acordo com o Banco Central, a principal dificuldade na implementação do Real Digital surge do fato de que o sistema de pagamentos do Brasil já é bastante avançado, com soluções eficazes tanto para pagamentos de atacado quanto de varejo.
Principalmente por conta do alto volume de fraudes, o Brasil possui um dos sistemas financeiros mais avançados do mundo, ao mesmo tempo que possuía antes do marco regulatório das Fintechs e do projeto do PIX, uma população altamente desbancarizada.
O sistema de pagamentos instantâneos Pix atualmente já possui uma alta taxa de adesão e tem contribuído para transformar como pequenas empresas realizam suas transações, então, o desafio é superar os serviços já oferecidos à sociedade e promover o desenvolvimento de novas funcionalidades, serviços e formas de fornecer serviços financeiros.
Conforme a visão do BC, o mercado brasileiro ainda não está totalmente preparado para esses novos modelos de criptoativos, mas a transformação digital vem acelerando este processo, e é incerto quão rapidamente a demanda por esses novos serviços aumentará.
O Banco Central precisa estar pronto para desenvolver ferramentas para atender às necessidades da sociedade e garantir a efetividade de suas políticas de estabilidade monetária e financeira, conforme estabelecido em sua missão. O Real Digital parece ser a ferramenta perfeita para essas tarefas!
Além disso, as tecnologias envolvidas na implementação de moedas digitais de bancos centrais estão evoluindo rapidamente, mas ainda serão necessários vários testes em continuidade para determinar a eficiência, segurança e privacidade dessas soluções.
Central de Perguntas e Respostas Real Digital
O BCB abriu uma central contendo as principais perguntas e respostas relacionadas ao Real Digital.
Resumimos aqui as principais:
Será possível pagar contas e/ou realizar Pix com o Real digital?
De acordo com a resposta contida na central do BC, o desenvolvimento do Real Digital, a versão digital da moeda brasileira, está sendo orientado para garantir a interoperabilidade com os atuais meios de pagamento disponíveis para a população. Isso significa que o Real Digital poderá ser usado de maneira semelhante ao Real físico atual.
Assim, será possível usar o Real Digital para fazer compras em lojas por meio de seu provedor de serviços de pagamento, seja um banco, uma instituição de pagamento ou qualquer outra entidade autorizada pelo Banco Central. Também será possível fazer pagamentos via Pix.
Além disso, os usuários poderão transferir Reais Digitais para outras pessoas, converter seus Reais Digitais em depósitos bancários convencionais, sacar Reais Digitais em formato físico e pagar contas, boletos e impostos. Em outras palavras, o Real Digital poderá ser gerenciado da mesma maneira que os fundos atualmente depositados em bancos.
Como será realizado o acesso ao Real Digital?
O usuário final possuirá uma carteira digital que será mantida sob a custódia de uma entidade autorizada pelo Banco Central, como um banco ou uma instituição de pagamento.
O que é CBDC de atacado?
Uma Moeda Digital de Banco Central (CBDC) de atacado é destinada principalmente para transações de alto valor, geralmente realizadas entre participantes do sistema financeiro – como bancos, cooperativas e instituições de pagamento – e pode eventualmente envolver grandes corporações.
O que é CBDC de varejo?
Uma CBDC de varejo é projetada para atender às demandas de pagamento e liquidação de indivíduos e empresas de todos os tamanhos. Ela pode ser usada para realizar pagamentos e transações financeiras diárias, independentemente do valor da transação.
O Real Digital será considerado um agregado monetário?
O Real Digital será uma versão digital do Real físico atualmente em uso. Sua valorização será sustentada pela política monetária. Portanto, quando o Banco Central ajusta a liquidez da economia para assegurar a estabilidade do poder de compra do Real, a quantidade de Reais Digitais em circulação será considerada.
Na verdade, o Real Digital fará parte do agregado monetário mais líquido disponível, de maneira semelhante aos depósitos bancários e ao dinheiro físico em posse das pessoas.
O Real Digital irá impactar o uso do papel-moeda?
A primeira versão do Real Digital será uma alternativa adicional ao uso do dinheiro físico, mas, como é voltada principalmente para a usabilidade online, seu efeito inicial sobre a demanda por dinheiro físico provavelmente não deverá ser relevante, a princípio.
E pagamentos offline com o Real Digital? Serão possíveis?
As tecnologias necessárias para assegurar que os pagamentos offline sejam realizados de forma segura para os usuários e com integridade para o sistema ainda estão em processo de desenvolvimento, embora estejam avançando rapidamente. Portanto, o Banco Central está monitorando essa progressão para determinar se essa funcionalidade offline será eventualmente integrada ao Real Digital.
Qual será o nível de segurança do Real Digital?
Uma orientação definida para o Real Digital é que ele preserve os altos padrões de segurança e privacidade atualmente presentes nas transações realizadas no sistema bancário e de pagamentos. Esse é um dos principais pontos a serem testados no Projeto Piloto.
Será possível converter o Real Digital em cédulas?
A utilização do Real Digital será clara e simples, permitindo sua conversão para qualquer outro meio de pagamento atualmente disponível – como depósitos bancários tradicionais ou dinheiro físico. Além disso, ele também poderá ser usado para realizar pagamentos cotidianos.
Há possiblidade de haver algo como o Pix para transações internacionais?
Os bancos centrais ao redor do mundo, incluindo os de países que compõem a maior parte do PIB global, estão cada vez mais interessados no desenvolvimento de suas próprias Moedas Digitais de Banco Central (CBDCs). Isso abre a possibilidade de criar sistemas de pagamento mais compatíveis e integrados internacionalmente, tornando as transações e remessas internacionais de pequenos valores mais rápidas e econômicas.
O Banco Central do Brasil apoia esses esforços de coordenação para melhorar os pagamentos transfronteiriços e tem colaborado com várias instituições internacionais e outros bancos centrais. No entanto, para que o Brasil possa se beneficiar ao máximo dessa integração, é necessário modernizar a legislação cambial do país, um objetivo que está sendo perseguido.
O Banco Central está trabalhando para expandir os serviços do Pix para o âmbito internacional em um futuro próximo. Para que o Pix possa ser uma importante via de acesso a um sistema global de pagamentos, ele precisa ser compatível com os sistemas que estão sendo desenvolvidos com base nas discussões internacionais atuais.
Além das CBDCs, a integração internacional entre sistemas de pagamentos instantâneos, como o Pix, também é uma possibilidade considerada.
E o Real Digital em relação a contratos inteligentes (smart contracts) e dinheiro programável?
A iniciativa do Real Digital visa criar uma infraestrutura de mercado regulada pelo Banco Central, permitindo o uso de dinheiro programável e contratos inteligentes para novos modelos de negócio. Isso se alinha à Agenda BC#, que já está estabelecendo as bases para um novo ecossistema de serviços financeiros com o Pix e o Open Banking.
A digitalização de ativos e a transformação digital da sociedade impulsionam a necessidade de trocas automáticas de recursos, tornando o Real Digital uma opção natural para a liquidação de transações. Ele também pode oferecer uma forma segura e eficiente de liquidação na internet das coisas.
O Banco Central deve coordenar o desenvolvimento do mercado digital para garantir um ambiente seguro e unificado para empreendedores e consumidores. O Real Digital, juntamente com outras ações da Agenda BC#, facilitará a difusão de novos serviços seguros e acessíveis.
A programabilidade e o acesso a arranjos abertos de pagamentos permitem que dispositivos inteligentes façam compras automaticamente, e carros ou drones de entrega realizem pagamentos sem intermediários.
Na área de produtos financeiros, os contratos inteligentes permitirão a oferta de produtos personalizados a um custo mais baixo. Isso pode viabilizar o surgimento de fintechs que atendam às necessidades de microcrédito de pequenas comunidades ou forneçam financiamento personalizado para pequenas empresas.
Essas possibilidades indicam um mercado mais inclusivo, permitindo a participação de mais pessoas e a expansão dos mercados para consumidores, instituições de serviços existentes e novas fintechs.
Como irá acontecer a IoT no Real Digital?
A Internet das Coisas já produz um fluxo significativo de informações hoje em dia. Em certos contextos, principalmente no setor industrial, essas informações são gerenciadas usando tecnologias de contrato inteligente. A introdução do Real Digital nesse ecossistema proporcionaria maior segurança e flexibilidade para as implicações financeiras dessas aplicações, como ativação de seguros ou encomendas de peças de reposição.
No cotidiano das pessoas, podemos imaginar aplicações em eletrodomésticos que automaticamente encomendam suprimentos necessários para seu funcionamento, ou carros que podem usar os arranjos de pagamento aberto oferecidos pelo Real Digital para pagar automaticamente pedágios, estacionamentos e combustível, por exemplo.
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Por enquanto, permanece a dúvida sobre os próximos passos do real digital. Será que, em um futuro próximo, esta será uma solução que promoverá mais segurança e agilidade nas transações comerciais de milhões de brasileiros?
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2 Comments
Parabéns! Muito clara e técnica a matéria.
Olá Luiz, tudo bem? Este post continuará sempre em atualização. Obrigado e mantenha-se sempre informado aqui com o Blog da TecnoSpeed o/ 😊